S013h Heidegger essencial, f. de l.
- Este vb. é f. de l. do artigo de Por Paulo Ghiraldelli Jr.. f.: l. ext.
Tanto uma como o outro têm caracterÃsticas dualistas /Dualismo/: o pensamento é sempre expresso por dicotomias.
- (a) originada de Platão, continuada por descartes. CaracterÃsticas dualistas: o pensamento é sempre expresso por dicotomias. Em Platão, real x aparente. Nos modernos, sujeito x objeto.
(b) não só filosófico-sociológico, mas também lógico, da filosofia analÃtica, que reduziu a filosofia a uma discussão epistemológica [1] sobre a relação entre sujeito e objeto.
‘O problema mais desagradável teria sido a aliança disso tudo ao Humanismo [2]. Com essa aliança, o sujeito passou a ser o homem, e o objeto o mundo. Tudo que se faz no mundo se faria para o homem enquanto sujeito; ou melhor dizendo: o homem seria o palco do mundo e, ao mesmo tempo, o legitimador de tudo que efetivamente existe. O que existe não existiria por si, mas apenas para o homem-sujeito e no homem-sujeito. O mundo todo teria passado a ser não mais o que se faz presente, mas o que é re-presentado no palco chamado homem. Este, o sujeito, seria o fundamento de tudo. O mundo todo teria se transformado, então, em concepção do mundo ou imagem do mundo – aquilo que o homem produz para si mesmo, em seu palco que, enfim, seria o próprio mundo.’
m.c.: nada existe fora do homem, e tudo existe no e para o homem. Nada existe por si. O mundo não é mais mundo: é a representação do mundo, que o homem faz.
‘Se tudo ganha a propriedade de existência na medida em que é re-apresentado pelo homem, tudo se comporta, ontologicamente, enquanto o que é passÃvel de manipulação – em todos os nÃveis – pelo homem. Isto é, o sujeito, que é então o homem, não tem outra função que não se relacionar com o objeto. Assim, tudo no mundo, se é para o sujeito, nada é a não ser objeto. O mundo, e o próprio homem nele, são transformados em objetos – em algo manipulável’.
m.c.: se tudo só existe na representação do homem, tudo é manipulável, e tudo é objeto. Inclusive o homem mesmo. De forma que este, sendo também objeto, é também manipulável.
três consequências:
-
na filosofia, hegemonia da Epistemologia: uma teoria para descrever como o homem descobre ou produz o saber.
Na cultura, o domÃnio da ciência sobre outras manifestações: preponderância do saber exclusivamente metodológico
Na vida cotidiana, a tecnologia comanda tudo o mais: é o afazer essencial do homem moderno.
A filosofia como epistemologia, a cultura como Humanismo e a ciência como tecnologia.
A manipulação/violência tem um corpo bem determinado: a cabeça é a filosofia enquanto epistemologia, “metafÃsica da subjetividadeâ€, o seu coração é a ciência e, enfim, as mãos são a tecnologia.
Proposta de Heidegger: filosofia se voltar para a linguagem, mas de modo diferente da análise da linguagem.
‘Deixar a linguagem se mostrar como ela é – como o que fala para nós e por nós, e não o que é falado segundo nosso comando de pretensos sujeitos’
A linguagem é uma rede de significados estabelecida anteriormente a mim. Caà nessa rede, e ela fala por minha boca. Não sou eu que significo os objetos, a enunciação que faço deles usa ideias pré-estabelecidas, que não decorrem da minha experiência. ‘A coisa que vemos ... só recebe algum significado por já estar prenhe de significado na teia da linguagem, e de modo algum fomos nós os autores do significado’ [3] [4].
A experiência fenomenológica consiste em ‘ouvir a linguagem’, ‘ver o fenômeno da linguagem’, na qual há uma experiência, que não é minha; não ouvir a mim mesmo falando, ouvir a linguagem mesma (?), prestar atenção nela. ‘...com sorte, ouviremos o que é – o ser que se manifesta em sua morada, a linguagem’.
Em resumo diz para ouvir a linguagem de outro jeito, e não do jeito moderno que implica em sujeito-objeto e na representação (?).
Dúvidas:
1. Não sei se entendi porque Descartes seria uma metafÃsica da subjetividade.2. O ser mora na linguagem?
3. Preciso rever o conceito de metafÃsica.
Notas:
[1] reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento humano, esp. nas relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo; teoria do conhecimento[2] Houaiss: conjunto de doutrinas fundamentadas de maneira precÃpua nos interesses, potencialidades e faculdades do ser humano, sublinhando sua capacidade para a criação e transformação da realidade natural e social, e seu livre-arbÃtrio diante de pretensos poderes transcendentes, ou de condicionamentos naturais e históricos. No sXX foi esp. defendido pelo existencialismo sartriano e pelo marxismo ocidental, e rejeitado por Heiddeger e pelos estruturalistas.
Em [Abbagnano]: é toda filosofia que tome o homem como “medida das coisasâ€. Foi com o mesmo sentido que Heidegger entendeu o Humanismo, mas para rejeitá-lo; viu nele a tendência filosófica a tomar o homem como medida do ser, e a subordinar o ser ao homem, em vez de subordinar, como deveria, o homem ao ser, e a ver no homem apenas “o pastor do ser†(A2007d).
[3] Ver no vb. Huxley, As portas da percepção, este trecho: “Para formular e exprimir o conteúdo dessa sabedoria limitada, o homem inventou, e aperfeiçoa incessantemente, esses sistemas de sÃmbolos com suas filosofias implÃcitas a que chamamos idiomas. Cada um de nós é, a um só tempo, beneficiário e vÃtima da tradição linguÃstica dentro da qual nasceu - beneficiário porque a lÃngua nos permite o acesso aos conhecimentos acumulados oriundos da experiência de outras pessoas; vÃtimas, porque isso nos leva a crer que esse saber limitado é a única sabedoria que está ao nosso alcance. E isso subverte o nosso senso da realidade, fazendo com que encaremos essa noção como a expressão da verdade, e nossas palavras como fatos reaisâ€.
[4] Ver também Humano, demasiado humano, onde Nietzsche diz “Com a linguagem ‘o homem estabeleceu um mundo próprio ao lado do outro’. O criador das palavras não pensou dar às coisas denominações, imaginou, sim, exprimir com as palavras o supremo saber de todas as coisas. Daà que o homem passou a pensar ter realmente na linguagem o conhecimento do mundo. É um erro monstruoso†(pág.11).
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